Muitos já ouviram alguns conselhos, até mesmo do próprio professor de educação física, quando estava doente, com resfriado, por exemplo, para não frequentar a academia ou não praticar seu esporte.
Afinal, você poderia ficar ainda pior. Será isso uma verdade? O exercício pode piorar a defesa do organismo?
Para responder essa pergunta precisamos entender o que é o sistema imune e como o exercício é capaz de alterá-lo. Temos dois tipos de defesa:
Conforme a intensidade e a duração do exercício, todas nossas defesas, inata ou adquirida, podem ser alteradas.
Essas alterações dependem das influências hormonais (cortisol/catecolaminas) e de alguns fatores associados como: qualidade do sono, se houve repouso muscular adequado, se há regularidade do exercício ou se a alimentação está correta. Quanto ao tipo de exercício foram observadas alterações similares tanto nos aeróbios (ciclismo, corrida, caminhada) quanto no resistido (musculação).
As alterações imunológicas promovidas pelo exercício podem ocorrer tanto em curto prazo quanto em longo prazo.
Em geral, ocorre o aumento das células de defesa, considerando atividades leves ou de curta duração. Já atividade física aguda intensa, exaustiva, prolongada (maior que 2h), segundo estudos realizados, estaria relacionada à queda da defesa, tornando mais suscetível a infecções, principalmente virais, como doenças herpéticas (herpes labial), faringites e infecções das vias aéreas superiores (resfriado comum). O exercício intenso, sem recuperação muscular, também promove maior lesão músculo-esquelético, com exacerbação do processo inflamatório, maior fadiga muscular e redução do desempenho.
Principalmente em atletas de alta performance, observa-se uma diminuição transitória da resposta imune, durante 3 a 72 h após término do exercício, o que chamamos de “Janela aberta”. Esse período, em que há maior chance de adquirir infecções, pode ser estendido se o atleta não descansar adequadamente.
Observa-se também que, após treinamento excessivo, os atletas possuem menos saliva e menos imunoglobulina (um anticorpo que protege contra infecções virais e bacterianas nas nossas mucosas) e consequentemente maior risco de infecções de vias aéreas superiores e dor de garganta, podendo durar de 1 a 3 dias.
Assim sendo, devemos estar atentos aos treinos excessivos, intensos e consecutivos, nos quais não ocorre um descanso adequado, levando a mais infecções como também queda no desempenho esportivo.
Prática de exercício físico regular de leve a moderada intensidade promove melhor resposta imune à pessoa, com menor incidência de infecções bacterianas e virais. Além disso, o exercício possui efeitos anti-inflamatórios, podendo reduzir a incidência de alguns cânceres como o de mama e do intestino (cólon). Ele ainda previne contra a demência e serve como tratamento de outras como asma e a hipertensão arterial.
Respondendo à pergunta inicial, se você está resfriado, deve evitar exercícios muito intensos, pois estes podem piorar a defesa do organismo, bem como causar outras doenças associadas ou prolongar a já adquirida.
Portanto, “maneirar” na prática de exercícios físicos é importante. Associe isso a uma boa alimentação e um descanso adequado. Seguindo essas dicas, seu retorno à prática de exercícios será bem sucedida e seu desempenho será mantido quase em sua totalidade.
Se você deseja menos infecções, menos doenças e melhor capacidade de defesa imunológica, pratique exercícios de forma regular e sem exageros sob supervisão do seu Médico do Esporte e de seu Educador Físico.
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Referências.
-Walsh, N. et al. Position Statement Part One: Immune function and exercise, 2011
-Gleeson, N et al. The anti-inflammatory effects of exercise: mechanisms and implications for the prevention and treatment of disease, 2011
-Thomas, J. The anti-inflammatory effects of exercise: mechanisms and implications for the prevention and treatment of disease, 2013
-Guia de Imunização do Atleta Profissional SBIm, 2014